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A constituição do sujeito no gênero discursivo sermão religioso: uma análise dialógica
Participante: Pedro Farias FRANCELINO, UFPB RESUMO Os enunciados produzidos no âmbito da esfera discursiva religiosa são, por natureza, caracterizados por uma densa formação ideológica e extremamente marcados pelos multifacetados posicionamentos dos sujeitos que aí se inscrevem. Essa densidade dialógica/ideológica/axiológica revela-se de forma explícita ou velada nas produções discursivas dos sujeitos enunciadores dessa esfera, as quais são saturadas por outras produções provenientes da relação desses sujeitos com seus interlocutores imediatos, nas interações cotidianas, e por sua relação com a exterioridade constitutiva, ou seja, com o conjunto de enunciados consolidados sócio-historicamente o interdiscurso. Esta comunicação objetiva refletir sobre as formas de constituição e de representação do sujeito no gênero sermão expositivo, considerando os mecanismos linguísticos e enunciativo-discursivos mobilizados por ele para a construção de sentido(s) nesses enunciados. A perspectiva teórica adotada é da Teoria da Enunciação de Bakhtin (1993, 2000, 2005) e Volochínov ([1926] 1976, [1929] 1999) e a perspectiva linguístico-enunciativa de Jacqueline Authier-Revuz, além dos postulados da Análise Dialógica do Discurso - ADD, representados pelos trabalhos de Brait (1997, 2005, 2006), e dos estudos discursivos de autores como Faraco (2001, 2003), Ponzio (2008), dentre outros. A hipótese norteadora desta reflexão é a de que, mesmo se instaurando na ordem daquilo que Bakhtin (1983) considera como palavra autoritária, o discurso religioso concretizado no gênero sermão expositivo não se apresenta, em sua materialidade linguístico-enunciativa, como homogêneo ou até monofônico, mas deixa (entre)ver uma tessitura dialógico-polifônica que sustenta sua aparição, circulação e recepção nessa esfera de uso da linguagem. O sujeito, nesse sentido, constitui-se e representa-se, na composição desses enunciados, como não homogêneo, disperso, marcado pela presença inegável de outrem, movimentando-se numa dimensão configurada entre o que é da ordem do individual (palavra minha) e do social (palavra alheia). PALAVRAS-CHAVE: Subjetividade; Sermão Expositivo. |
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