|
||
Inti Anny Queiroz (IC-USP)
O advento das leis de incentivo à cultura no Brasil a partir dos anos 80 gerou um crescimento no interesse sobre o assunto, bem como os estudos relativos ao desenvolvimento do setor cultural. A partir disso propusemos esta pesquisa para analisar de que forma os gêneros discursivos, projeto cultural e cartaz, ambos retirados de um mesmo projeto, o festival Produto Instrumental Bruto, relacionaram-se com a situação imediata de comunicação e o contexto social mais amplo. O corpus foi analisado a partir dos conceitos teóricos do círculo de Bakhtin, como gênero discursivo, esfera, dialogismo e endereçamento e como estes operam na cadeia de comunicação dos dois enunciados analisados. Partimos do contexto sócio histórico que circula o universo das leis de incentivo à cultura, onde percebemos o surgimento de uma nova vertente socioeconômica e com isso a necessidade de novos mecanismos burocráticos operacionais como o projeto cultural. Os dois enunciados foram analisados dialogicamente em contraste com a lei 12.268/06 para assim evidenciarmos o elo de comunicação e suas especificidades. No final da pesquisa analisamos a materialidade linguística do projeto cultural, observando principalmente a importância da questão do tempo verbal na construção do enunciado, e no cartaz, a economia da linguagem textual e a iconografia da linguagem visual, inerentes ao gênero. Concluímos que a lei de incentivo à cultura atua como reguladora dos dois enunciados analisados na pesquisa e ambos são produzidos em função dos seus destinatários presumidos. De acordo com a pesquisa, foi possível aferir que o projeto cultural é um gênero discursivo novo pertencente à esfera cultural e surgiu de uma necessidade burocrática e de organização pública, de cunho social e econômico. |
|